quarta-feira, 26 de setembro de 2007

* Múltipla Dança 2007



A Aliança Francesa de Florianópolis e o SESC, com o patrocínio da Tractebel Suez e o apoio do Dança em Foco, Projeto Rumos Itaú Cultural e Ministério da Cultura, convidam todos para participar da segunda edição do MÚLTIPLA DANÇA - SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DANÇA CONTEMPORÂNEA, realizado de 02 a 06 de outubro de 2007, em Florianópolis.

A programação inclui espetáculos, oficinas, diálogos, palestras, mostras de vídeo-dança e performances, com locais de realização diversos. Programação completa abaixo.

As inscrições para as oficinas devem ser efetuadas na Aliança Francesa, R. Visconde de Ouro Preto, 282, Centro. Tel: 3222 8925.

Esperamos por vocês!
Informações: 3222 8925 / affloripa@affloripa.com.br / imprensa@affloripa.com.br

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APRESENTAÇÃO

A segunda edição do Seminário Múltipla Dança repropõe a dança contemporânea por meio de diferentes ações: oficinas, diálogos, performances, lançamento de livros e vídeos, mostra de vídeodança e espetáculos. Comprometida com a formação de artistas e platéia, aposta em tempos-espaços de convivência e conhecimento, onde o acesso a dança contemporânea se ofereça como possível e transformador.

A reunião de pesquisadores, professores, artistas e companhias de variadas formações e localidades - países como França e Argentina, estados como São Paulo, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, além de, é claro, profissionais de Santa Catarina; busca facilitar e promover possibilidades de articulação e realizações conjuntas.

Múltipla Dança é um encontro que valoriza o coletivo e estimula projetos colaborativos. Que pretende, apesar de tímidas condições operacionais e financeiras, incentivar novas redes de contatos, idéias e participações. Escolhe, portanto, pessoas e atitudes dispostas ao diálogo, recusando posturas de auto-suficiência e isolamento.

A dança neste contexto é entendida como organismo vivo e complexo, que se sustenta a partir de e num ambiente de múltiplas informações. A tarefa de se informar e comunicar é, então, percebida como fundamental para fortalecer a produção e distribuição de dança.

Alcançar e reunir mais e mais pessoas, parceiros e públicos, de modo construtivo, é compromisso do Múltipla Dança. Um movimento que combina oportunidades de estudo, criação, exposição, circulação e contato inusitado com a dança contemporânea em sua diversidade de pensamento e organização.

O evento deste ano é dedicado a professora e coreógrafa Renée Wells (1925–2007), personalidade de grande valor histórico para a dança catarinense. Renée veio para Florianópolis em 1977. Formou uma escola de dança na Universidade Federal de Santa Catarina, fundou o Grupo Móbile e colaborou na instituição da Associação Profissional da Dança do Estado de Santa Catarina (APRODANÇA). Publicou o livro O corpo se expressa e dança (Francisco Alves, 1983). Durante sua permanência no Estado, na década de 80, contribuiu para construir e atualizar a percepção artística e os modos da dança.

A compreensão do momento atual passa pelo reconhecimento de uma história que, mesmo sendo um passado, vive e opera no presente. No ano de 2007, Múltipla Dança coloca em discussão a necessidade da documentação, do registro, da difusão e da reflexão da dança brasileira ao promover o curso Figuras da dança com a crítica Inês Bogéa. Assim, revalida seu interesse em disseminar informações de importância histórica.

Em memória de Renée Wells e dos desbravadores da dança em Santa Catarina.

Jussara Xavier e Marta Cesar – curadoras do Múltipla Dança

* Múltipla Dança - Espetáculo: dia 02/10

ESPETÁCULO

2 de outubro – 20h – TAC
Rétrospective - Cie à fleur de peau (Paris/França)


Rétrospective
O espetáculo é composto de duas partes: Histoires courtes en plusieurs cris e Rétrospective en duo. Na fronteira entre a emoção e o humor, Rétrospective retoma, em forma de duo e colocados num novo contexto, os momentos mais fortes e cômicos de quatro criações da companhia. Uma forte e alegre síntese de humor, fantasia e absurdo, servida com sangue-frio, mas com muita ternura. O espetáculo é um bom resumo da linguagem específica e do universo típico da à fleur de peau.

Concepção, coreografia e elenco: Michael Bugdahn, Denise Namura
Figurino: Jean-Jacques Delmotte
Cenário e adereços: Cie. à fleur de peau
Texto e realização da trilha sonora: Michael Bugdahn
Versão portuguesa: Denise Namura, Michael Bugdahn, Lúcia Machado
Desenho de luz: Jean-Paul Pita, Michael Bugdahn
Poema: Ines Rodrigues Assumpção
Com a voz de: Catarina Patah
Produtor da Cie. à fleur de peau no Brasil: Luca Baldovino
Duração: 65 minutos

* Múltipla Dança - Espetáculos: dia 03/10

ESPETÁCULOS

3 de outubro – 20h – TAC
Confluir – Thembi Rosa (Belo Horizonte/MG)
Receita – Rui Moreira (Belo Horizonte/MG)

Confluir
Solo de Thembi Rosa com coreografia de Alejandro Ahmed, Rodrigo Pederneiras e trilha sonora do O Grivo. Trata-se de uma continuidade de encontros para investigar dança. Diferente do Ajuntamento, solo anterior, no qual as coreografias eram independentes, neste trabalho os dois parâmetros coreográficos coexistem simultaneamente. Aqui, dança, música e objetos se confluem para investigar padrões de movimento, informação e percepção.

Projeto e bailarina: Thembi Rosa
Coreografia: Alejandro Ahmed e Rodrigo Pederneiras
Trilha sonora original: O Grivo
Ensaiadora: Paula Cançado
Iluminação: Pedro Pederneiras
Objetos: Guilherme Amarante, Daniel Hertel, Ulisses Tavares
Técnico de luz: Ricardo da Mata
Observadora: Christina Barra
Consultoria de figurino: Luisa Magalhães
Patrocínio: CEMIG, Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais, Lei Federal de Incentivo à Cultura
Apoio: Corpo Escola de Dança
Foto: Daniel Mansur
Duração: 25 minutos
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Receita
Solo criado especialmente para Rui Moreira por Henrique Rodovalho, coreógrafo da Quasar Cia. de Dança (Goiânia-GO). Nessa coreografia, o público é incitado a perceber a subjetividade do movimento. Por meio de uma seqüência coreográfica, Rui Moreira descreve a receita de uma guloseima: um bolo xadrez.

Bailarino: Rui Moreira
Concepção e coreografia: Henrique Rodovalho
Assistente de coreografia: Bete Arenque
Iluminação: Henrique Rodovalho
Sugestão de figurino: Henrique Rodovalho
Trilha sonora: Ritchie Hawtin
Vídeo: Henrique Rodovalho
Duração: 30 minutos

* Múltipla Dança - Espetáculo: dia 04/10

4 de outubro – 20h – TAC
Möbius – Aplysia Grupo de Dança (Florianópolis/SC)

Möbius
Möbius brinca com a idéia do dentro e do fora do corpo. É inspirado em uma forma criada através da junção de duas extremidades de uma fita torcida - uma figura cujas duas faces são simultaneamente interno e externo, sem início nem fim. Como falar sobre o dentro e o fora sem pensar no eu e no outro? O jogar com essas noções conduz necessariamente a esse limiar: o que de mim reflete no outro e o que há do outro em mim.

Direção artística, concepção e produção: Valeska Figueiredo
Criação coreográfica: Daniela Alves, Paula de Paula e Valeska Figueiredo
Direção musical: Jefferson Bittencourt
Iluminação: Irani Apolinário
Figurino e cenário: o grupo
Duração: 50 minutos

* Múltipla Dança - Espetáculo: dia 05/10

5 de outubro – 20h – TAC
Solução para todos os problemas do mundo – Couve Flor Minicomunidade Artística Mundial (Curitiba/PR)

Solução para todos os problemas do mundo
Você é essencial para o equilíbrio do mundo, e não está lendo este release por acaso. Você foi chamado! Seu destino o enviou aqui porque você precisa experienciar isto. Mas o quê? Problemas precisam de soluções. E nós temos uma esperando por você! Venha e confira! Não perca a chance de garantir sua satisfação. Trocas, reclamações e sugestões pelo site www.solucaoparatodososproblemasdomundo.com

Concepção: Stéphany Mattanó
Pesquisadores: Cândida Monte, Neto Machado, Stéphany Mattanó
Em cena: Neto Machado e Stéphany Mattanó
Produção: Cândida Monte
Iluminação: Fábia Guimarães
Técnico áudio e vídeo: Léo Fressato
Realização: Couve-flor Minicomunidade Artística Mundial
Duração: 45 minutos
A apresentação desse espetáculo foi subsidiada pelo Programa Rumos Itaú Cultural Dança

* Múltipla Dança - Espetáculos: dia 06/10

ESPETÁCULOS

6 de outubro – 20h – Teatro do SESC Prainha
Deslimites – Clara Trigo (Salvador/BA)
Vistas I e II - Florencia Olivieri (La Plata/Argentina)

Deslimites
Deslimites brinca com a tendência de estar eternamente à procura de sentido, através de um caminho labiríntico, invaginado, amebóide, que quer chegar a nenhum lugar. É o corpo em movimento quem indica os conceitos e realiza os pensamentos desse trabalho. É esse corpo que propõe novos parâmetros para ver o mundo, na tentativa de abrir um espaço para si, de escrever uma história que lhe contemple e de criar poéticas de cenas que dêem conta de estados aparentemente incompatíveis - ansiedade e contemplação -, convivendo simultaneamente. É nessa busca que aparecem os pares e também o percurso de reconhecimento na dança e no lugar que que essa dança ocupa no mundo. Quando todo o espaço possível já foi ocupado, o corpo ainda tem por onde ir. A complexidade desse deslocamento cria constantemente regras difíceis de acompanhar pelo gigantesco novelo formado.

Direção e ação: Clara Trigo
Assistente de direção: Sua Cia. De Dança
Projeto de luz: Eduardo Pinheiro
Trilha sonora original: Arnaldo Antunes
Produção de trilha sonora: Paulo Tatit, Marcio Nigro e Arnaldo Antunes
Duração: 20 minutos
A apresentação desse espetáculo foi subsidiada pelo Programa Rumos Itaú Cultural Dança
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Vistas I + II
Vistas porque há infinitos pontos no espaço a partir dos quais é possível vislumbrar um objeto ou uma coreografia. Vistas porque há infinitas imagens que um objeto vivo pode tomar, tal como um dueto em palco. Um homem e uma mulher relacionam-se entre si com a linguagem pura do movimento, a forma, a confrontação dos seus corpos atravessados pelo espaço. O espectador compreenderá a evolução desta relação através da sucessão estreita e pura dos
planos (vistas) que são mostrados. Como um caleidoscópio de inúmeras imagens que juntas, no final, revelam o sentido.

Coreografia e direção: Florencia Olivieri
Intérpretes: Nidia Martínez Barbieri e Ariel Martinez Barbieri
Bandeonista em cena e arranjos: Alejandro Pérez
Música original: Federico Mutinelli
Colaboração coreográfica: Ariel Martínez Barbieri
Assistência geral: Julia Aprea, Natalia Bragagnolo
Desenho de iluminação: Miguel A. Solowej, Adriana Vásquez
Edição e mescla de som: Daniel "Manzana" Ibarrant
Figurinos: Mariano Vallejos
Duração: 30 minutos

* Múltipla Dança - Oficinas

OFICINAS

3 a 5 de outubro – das 9h às 12h – SESC Prainha
As dinâmicas do movimento – Cie à fleur de peau (Paris/França)

O objetivo é aprofundar o trabalho de preparação do intérprete cênico, com ênfase nas várias dinâmicas do movimento e a teatralidade dentro da dança. Como colocar o corpo a serviço da narração? Como comunicar informações e pensamentos servindo-se dos meios de expressão que nosso corpo dispõe?
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3 a 5 de outubro – das 9h às 12h – SESC Prainha
Dança contemporânea: da técnica à criação - Cláudia Müller (Rio de Janeiro/RJ)

Oferece aos participantes um embasamento técnico, disponibilizando-os física e mentalmente para um trabalho de pesquisas do movimento em linguagem contemporânea. O aluno será estimulado na busca de um suporte próprio no que se refere aos desafios físicos propriamente ditos e nos exercícios de improvisação e composição.
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3 a 6 de outubro – das 9h às 12h – SESC Prainha
Videodança interativa - Armando Menicacci (Paris/França)

Se as novas tecnologias transformam nossas vidas, como elas afetam a criação de um espetáculo? Estes dispositivos criam um novo ambiente para nossos pensamentos e ações, e demandam uma renovação nos processos de criação artística. Por meio de sessões práticas, utilizando instrumentos interativos de som, imagem e textos em tempo real, serão abordados os problemas e questionamentos estéticos que resultam da entrada das tecnologias digitais nos espetáculos cênicos.
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6 de outubro – das 9h às 12h – SESC Prainha
Conexões criativas - Clara Trigo (Salvador/BA)

Compartilhar e experimentar coletivamente as questões, os caminhos corporais e as “regras” que resultaram no espetáculo DESLIMITES. Investigar, através da prática corporal, do diálogo e da observação, as conexões deste movimento - rasteiro, contínuo, lento e em constante deslocamento - com as tensões culturais que permeiam a pesquisa: identificações e des-identificações; espaço e tempo; mulher na dança; sobrevivência; reciclagem; poesia.

* Múltipla Dança - Curso Figuras da Dança

CURSO

3 e 4 de outubro – das 16:30h às 18:30h – Teatro do SESC Prainha
Figuras da Dança – Inês Bogéa (São Paulo/SP)

A arte de três grandes nomes da dança em documentário: Renée Gumiel, A vida na pele; Maria Duschenes - O espaço do movimento; Movimento Expressivo – Klauss Vianna. A partir da apresentação destes três filmes, propõe-se a discussão sobre a necessidade da documentação, da historiografia, do registro, da divulgação e da reflexão da dança no Brasil.
No âmbito da dança, as reflexões de Duschenes, Gumiel e Vianna oferecem um alicerce importante para uma compreensão aprofundada dos elementos que constituem os movimentos. O curso oferece uma introdução histórica do trabalho de cada um relacionado a movimentos da dança mundial. Aborda conceitos gerais dos elementos da dança: corpo, espaço, som e movimento, e como cada um dele entende estes conceitos. Trata, ainda, da relação do corpo com o espaço (arquitetura do corpo); e de como a dança paulista aos poucos foi criando uma nova percepção do espaço ao redor.

* Múltipla Dança - Mostra de Videodança

MOSTRA DE VÍDEODANÇA
3 de outubro – 14:00h – Teatro SESC Prainha

Quatro

FF

Sensações Contrárias
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* Programação:

Sobre Formas de Instabilidade (3’, Michelle Moura, Elisabeth Finger e Stéphany Mattanó em colaboração com Couve-Flor Minicomunidade Artística Mundial, Curitiba/PR, 2006)

Quatro (10´, Grupo de dança Potlach, Concepção e direção: Idamara Freire, Florianópolis/SC, 2005)

Sensações Contrárias (5’, Amadeu Alban, Jorge Alencar e Matheus Rocha, Rumos Itáu Cultural Dança, 2007)

FF (5’, Karenina de Los Santos, Letícia Nabuco, Marcello Stroppa e Tatiana Gentile, Rumos Itáu Cultural Dança, 2007)

Jornada ao Umbigo do Mundo (5’, Alex Cassal, Alice Ripoll e Theo Dubeux, Rumos Itáu Cultural Dança, 2007)

Fora de Campo (5’, Claudia Muller e Valeria Valenzuela, Rumos Itáu Cultural Dança, 2007)

Passagem (5’, Celina Portella e Elisa Pessoa Rumos, Rumos Itáu Cultural Dança, 2007)

Living Colors (3’, Direção: Guillaume Le Grontec, Coreografia: Stephanie Batten Bland, França, 2006. Classificação etária: 14 anos)

9mn (9’, Direção: François Deneulin, Coreografia: Annabelle Bonnery, França, 2006)

I wanna be like her (6’, Direção: Marc Joseph Sigaud, Coreografia: Marc Joseph Sigaud, França, 2005)

Atsubia (4’, Direção: Guillaume Le Grontec, Coreografia: Stephanie Batten Bland, França, 2007)

34th St. NYC (3’, Direção: Guillaume Le Grontec, Coreografia: Stephanie Batten Bland, França, 2005)

La Madâ’a (26’, Direção: Benjamin Silvestre, Coreografia: Hela Fattoumi e Eric Lamoureux, França, 2006)

Emerge (9’, Direção: Stéphane Broc, Coreografia: Mauso Paccagnella, Ayden Parolin e Benaji Mohammed, França, 2006)

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SINOPSES

* Quatro
(Grupo de dança Potlach, Florianópolis-SC, 2005)
Interpretes-Criadores: Ana Carolina Pereira, Antônio Saretto
Carlos Domingos, Diana Gilardenghi, Fabio Silveira, Ione Bendo,
Juliana Padilha e Taís Rodrigues.
Concepção e Direção: Idamara Freire

Projeto de Pesquisa e Extensão de dança para jovens e adultos com cegueira. A coreagrafia Quatro é uma experiência de ensino e apreciação da dança pautada na pesquisa perceptiva sobre o ver e o não ver. Durante o processo de criação os dançarinos em entrevistas relataram sobre suas experiências cotidianas e memórias corporais dos elementos: terra, água, fogo e ar. As seqüências foram compostas com base na improvisação e no contato corporal sobre as quatro qualidades do movimento: condensado, ondulatório, explosivo e sustentado.

Cenário e Iluminação: Lucila Vilela
Consultoria: Jussara Silva e Francisco Cedro
Fotografia e programação visual: Marinas Moros
Trilha Sonora: Idamara Freire e Lucila Vilela
Músicas: Egberto Gismonti: Maria Luiza; Mart´nalia: Novos Tempos (Cláudio Jorge)
Naná Vasconcelos: Afoxé do Nego Véio; Don´s Rollerkates; Curumim; Uakti: Terra.

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* Sobre Formas de Instabilidade
(Michelle Moura, Elisabeth finger e Stéphany Mattanó, em colaboração com Couve-Flor, minicomunidade artística mundial, Curitiba-PR, 2006)
Vídeos produzidos dentro do projeto de pesquisa Couve-Flor Tronco e Membros, selecionado pelo prêmio Klauss Vianna da Funarte e Petrobrás.

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* Sensações Contrárias
(5’, Amadeu Alban, Jorge Alencar e Matheus Rocha, 2007)
O projeto cruza discussões sobre corpo, poder e sexualidade tomando como base conceitos desenvolvidos por Michel Foucault, por meio de dois elementos norteadores: controle e confissão. O discurso se organiza no corpo e na imagem, numa tensão entre o que se revela e o que é cerceado. A idéia de enquadramento da linguagem audiovisual se confunde com a própria metáfora do tolhimento institucionalizado pelo controle social apresentado por esse pensador. O trabalho parte do conceito dos desejos inauditos ou represados, presente na poética da cineasta argentina Lucrecia Martel. A câmera se aproxima dos bailarinos num desejo quase físico de captar seus segredos e sai impotente, pois o segredo sempre persiste. A luz é que permite ver além, chegar mais perto, revelar o encoberto.

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* Fora de Campo
(5’, Cláudia Müller e Valeria Valenzuela, 2007)
O projeto apresenta a idéia de “entregar” dança contemporânea em locais onde ela não é esperada, buscando espaços despercebidos, brechas no cotidiano. A encomenda pressupõe um dançarino que realize o seu ofício, entregando um bem “não-utilitário”, uma mercadoria não usual, cujo consumo está na fruição do espectador. Uma performance nômade que ocupa um espaço-tempo e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e momento antes de ser impedida ou rotulada. Por irromper e desaparecer de forma inesperada, ela é invisível, não tem nome ou definição. Uma dança que se importa menos com movimentos concretos e mais com os espaços imaginários abertos no encontro com o espectador-consumidor. O desafio está na reconstrução do acontecimento através do olhar daqueles que o vivenciaram, valendo-se assim das suas recordações e de sua forma de interpretar, reconstruir a observação do outro, a ponto de se tornar desnecessário o acesso à obra em si, pela evidência de que já foi vista e transformada. Uma videodança sobre uma dança que não é filmada, permitindo introduzir o conceito de fora de campo, que, na linguagem cinematográfica, define a ação que tem lugar fora do campo visual da câmera, presente e definível por ser parte do imaginário possível.

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* FF
(5’, Karenina de Los Santos, Letícia Nabuco, Marcello Stroppa e Tatiana Gentile, 2007)
O trabalho surgiu da pesquisa anterior das artistas sobre a continuidade temporal da coreografia mesmo em descontinuidade espacial. Agora, acrescenta-se a fluidez ao questionamento da necessidade da vinculação do tempo ao espaço, buscando assim um resultado que só é possível graças aos recursos da edição de vídeo. A relação entre os intérpretes em constante movimento se dá por meio de uma unidade rítmica que se mantém ao longo do caminho percorrido por eles. Adotando uma estética urbana e contemporânea, o vídeo põe em tela o debate acerca da afinidade possível entre diferentes padrões de corporalidade, utilizando a clara distinção da construção corporal dos intérpretes.

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* Jornada ao Umbigo do Mundo
(5’, Alex Cassal, Alice Ripoll e Theo Dubeux, 2007)
Usando a técnica de stop-motion, o projeto propõe uma subversão de forma e de função do corpo humano. Um grupo de guerreiros mitológicos empreende uma arriscada odisséia por uma paisagem em constante mutação. Estão em movimento ou é o mundo que se move? São protagonistas de suas aventuras ou outros seres os conduzem? Os heróis desta jornada são pequenos brinquedos de criança – bonecos híbridos de homens, animais e monstros – enquanto a paisagem percorrida por eles é formada por corpos humanos nus, aparentemente inertes, misturados para criar um outro ser, este “corpo-ambiente” inexplorado. A perspectiva liliputtiana que a câmera assume e a desconstrução do movimento imposta pelo stop-motion transforma os corpos em matéria quase inorgânica: volume, massa, superfície. Em sua trajetória, estes personagens são esmagados, devorados, desmembrados, irremediavelmente transformados pelo mundo que habitam. Sua aparência híbrida remete à imagem do corpo contemporâneo, atravessado por interferências, influências e referências regidas pelo signo de Proteus - uma das divindades gregas do mar, capaz de tomar a aparência de qualquer animal ou elemento que desejar

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* Passagem
(5’, Celina Portela e Elisa Pessoa, 2007)
A videodança acontece em 5 salas interligadas. Em cada um delas, uma linguagem coreográfica com um ambiente específico se apresenta. Por meio do movimento, o bailarino constrói uma atmosfera e assume um personagem, se relacionando de maneiras distintas com o videomaker. Em cada sala, o “corpo que filma” reencontra o “corpo que dança” de uma nova forma e assume outra postura em relação à imagem. O videomaker faz a transição de um universo a outro, adotando maneiras distintas de utilizar seu olhar. Ele buscará as diferenças (ou as “não-diferenças”) na abordagem do movimento e do espaço, fazendo ou não ligações entre elas. Assim como o bailarino, o videomaker faz um caminho, cria uma ação. O primeiro traduz a idéia de transformação, de mudança e de fragmento. O segundo traduz um caráter condutor, buscando ligação nas fronteiras entre uma idéia e outra.

* Múltipla Dança - Diálogos

DIÁLOGOS

4 de outubro – 14h – Teatro do SESC Prainha
Gestão da dança: Novos modos de produção e distribuição
Diante da ausência de políticas públicas e a insuficiência de apoios para o setor da dança, artistas-produtores se unem para pensar possibilidades eficientes de sobrevivência.
Participantes: Elke Siedler (SC), Florencia Olivieri (Argentina), Neto Machado (PR), Rui Moreira (MG), Stéphany Mattanó (PR)
Mediação: Marta Cesar


5 de outubro – 14h – Teatro do SESC Prainha
Trabalhos colaborativos em dança; procedimento investigativo x produto artístico á
Conversa sobre criação, com enfoque nos trabalhos colaborativos realizados entre pessoas de diferentes vivências e nas relações que surgem entre a pesquisa em dança contemporânea e o produto artístico gerado.
Participantes: Alejandro Ahmed (SC), Clara Trigo (BA), Cláudia Muller (RJ) e Thembi Rosa (MG)
Mediação: Jussara Xavier

* Múltipla Dança - Lançamentos

LANÇAMENTOS

5 de outubro – 16:30h – Aliança Francesa
Livro Contos do Balé, de Inês Bogéa (Cosac Naify, 2007)
A autora reconta cinco coreografias do repertório clássico: A menina mal olhada, Giselle, Coppélia, O lago dos cisnes e Petrouchka; e informa sobre a origem dessas histórias em notas laterais. São curiosidades sobre as primeiras apresentações, os músicos e artistas que revolucionaram a dança. Mais de setenta imagens de grandes montagens, bailarinos, cenários e coreógrafos narram, de forma visual, a história da dança. Há ainda uma espécie de apêndice - "A dança na história" - que traz informações sobre a evolução da dança e de elementos como a sapatilha, além de mini-biografias de bailarinos importantes.

5 de outubro – 20h – TAC
Cartografia Rumos Itaú Cultural Dança 2006-2007 (Instituto Itaú Cultural, São Paulo).
Cartografia Rumos Itaú Cultural Dança 2006-2007 é o resultado dos mapeamentos artístico e contextual que o programa Rumos produz, é constituído por um livro e sete DVDs. O livro traz 20 textos - separados em Obras Coreográficas, Videodança e Contextos – e dois ensaios fotográficos. A série de DVDs é composta pelo registro dos 25 espetáculos e as cinco videodanças contempladas na edição 2006-2007 do Rumos Dança, além de 27 entrevistas com os artistas. A coleção abre espaço para discussões e ações. Sua distribuição é gratuita para instituições culturais, educacionais e de preservação da memória artística.

* Múltipla Dança - Performances

PERFORMANCES

6 de outubro – A partir das 10h – Locais onde for solicitada
Dança contemporânea em domicílio - Cláudia Muller (Rio de Janeiro/RJ)

Anúncios oferecem a possibilidade de encomendar o “produto”. Basta telefonar e solicitar cinco minutos de dança contemporânea. Busca-se aproveitar a imagem de um entregador comum para recriá-la em outro contexto. A encomenda pressupõe um dançarino que realiza o seu ofício, entregando um bem “não-utilitário”, uma mercadoria não usual; cujo consumo está na fruição do espectador. Dança Contemporânea em domicílio investiga a experiência de “entregar” dança contemporânea em locais onde ela não é esperada, buscando espaços despercebidos, brechas no cotidiano.
Para pedir sua dança contemporânea, ligue para 3222 8925.

Concepção, criação e performance: Cláudia Müller
Dramaturgia: Micheline Torres
Fotos: Löis Lancaster e Nelson Falcão
Apresentações subsidiadas pelo Programa Rumos Itaú Cultural Dança

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2 a 6 de outubro – A partir das 10h – Espaços públicos
O passar em branco: poemas urbanos - Daggi Dornelles (Porto Alegre/RS)

O passar em branco é composto por quadros de movimentos nascidos da escuta do ambiente urbano durante atos de passagem sendo, neste sentido, um momento coreográfico resultante da coexistência dos diferentes componentes do cenário urbano.
A proposta arrisca-se em uma concepção focalizada no efêmero de tudo o que somos e nas possibilidades poéticas das infinitas constelações que, mal se mostram, já se diluem, a exemplo do ininterrupto ciclo de construções e desconstruções do universo no qual nos movimentamos.

Concepção e performance: Daggi Dornelles
Imagens e técnica: Frank Jeske
Uma ação “Flores Urbanas – estudos do corpo em arte e humanismo”

* Múltipla Dança - Convidados

CONVIDADOS

Alejandro Ahmed (Florianópolis/SC)
Diretor artístico, coreógrafo e bailarino do Grupo Cena 11 Cia. de Dança. Desenvolve uma técnica autoral de dança denominada “percepção física”.

Aplysia Grupo de Dança (Florianópolis/SC)
Fundado em 1998 sob direção de Valeska Figueiredo, o grupo realiza criações coreográficas de dança contemporânea. Obteve inúmeros prêmios, dentre os quais destacam-se o Prêmio Plínio Marcos com o espetáculo Universo Feminino e o Prêmio Klauss Vianna com Möbius, ambos concedidos pela Fundação Nacional de Arte (Funarte).

Armando Menicacci (Paris/França)
Doutor em Dança e Novas Tecnologias pela Universidade Paris 8. É diretor do Laboratório Mediadanse (Anomos), ensina nos departamentos de Dança e ATI (Artes e Tecnologias da Imagem) da Universidade Paris 8 e no Fresnoy. Ministra regularmente conferências e oficinas, participa de colóquios sobre as relações entre dança e tecnologias digitais em instituições de diversos países. Colaborador de coreógrafos franceses como Rachid Ouramdane, Alain Buffard e Bud Blumenthal.

Cie à fleur de peau (Paris/França)
Desde sua fundação em Paris, 1986, a brasileira Denise Namura e o alemão Michael Bugdahn criaram vinte espetáculos e coreografias para À fleur de peau e para o repertório de companhias como Cisne Negro, Balé da Cidade de São Paulo, Bernballett, Rotterdamse Dansacademie e Cirka Teater. Suas criações viajaram por cerca de quinze países e receberam vários prêmios. Segundo a crítica francesa de dança Rosita Boisseau: “Os coreógrafos Michael Bugdahn e Denise Namura analisam com rigor e ternura suas emoções para delas retirarem um gestual delicado e sempre enraizado na realidade. Um pouco teatral, sublinhado de humor, o estilo deles se diferencia das produções atuais por uma sede quase insólita de humanidade”.

Clara Trigo (Salvador/BA)
Formada e licenciada em dança pela Escola de Dança da UFBA, é instrutora da técnica do pilates desde 1999 e especialista em baile flamenco pela Fundación C. Heeren de Arte Flamenco, de Sevilha. Fundou em 2002 o núcleo permanente de pesquisa e criação Sua Cia. de Dança, cuja linguagem se desenvolve através de pesquisas sobre a percepção, a cultura e o espaço.

Cláudia Müller (Rio de Janeiro/RJ)
Formação em balé clássico, dança moderna e contemporânea. Trabalhou como intérprete em São Paulo e na Alemanha. Entre 1998 e 2000 integrou a Companhia de Dança Lia Rodrigues (Rio de Janeiro). Iniciou o seu próprio trabalho com o Colectivo 3M Performance, em 2000. Suas peças integraram a programação dos festivais Dança em Trânsito (Rio de Janeiro), A8 (Torres Vedras), Panorama Rioarte (Rio de Janeiro) e In-Presentable (Madrid).

Daggi Dornelles (Porto Alegre/RS)
Bailarina e coreógrafa e desde 1980. Dedica-se a investigação sobre possibilidades de interação entre corpos diversos e suas conseqüências sobre a criatividade e a postura do indivíduo. Estruturou uma metodologia própria de trabalho a partir de uma residência na Folkwang Hochschule/Essen, na Alemanha.

Elke Siedler (Florianópolis/SC)
Bacharel em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fez parte do elenco da Cena 11 Cia de Dança (1996 a 2002) e trabalhou como professora de dança contemporânea e na assessoria de coreografia para o Grupo de Experimentação Cênica, de Jaraguá do Sul (2005 a 2007). Em 2003 fundou a Siedler Cia de Dança, onde atua como coreógrafa e bailarina. Ministra aulas de dança no Centro Integrado de Cultura.

Florencia Olivieri (La Plata/Argentina)
Formação em diversas técnicas de dança, improvisação e composição coreográfica com os professores argentinos Alma Falkemberg, Diana Szeinblum, Marina Giancaspro, Sonia Von Potobsky, Silvana Cardell, Silvia Pritz, Ana Garat e Susana Tambutti; e com os professores estrangeiros Nienke Reehorst, Mark Haim, Sean Curran, Douglas Nielsen, David Zambrano e Julyen Hamilton, entre outros. É docente de dança contemporânea, improvisação e composição coreográfica. Fundadora e coreógrafa residente, de 1990 a 2002, da Companhia La Marea Danza.

Inês Bogéa (São Paulo/SP)
Crítica de dança da Folha de S. Paulo e diretora da Escola do Movimento de Ivaldo Bertazzo. Foi bailarina do Grupo Corpo de 1989 até 2001 e organizou um livro sobre a companhia: Oito ou nove ensaios sobre o Grupo Corpo (Cosac Naify, 2001). Também organizou o livro Kazuo Ohno (Cosac Naify, 2003) e Espaço e Corpo – Guia de Reeducação do Movimento - Ivaldo Bertazzo (SESC, 2004). É autora de O Livro da Dança (Companhia das Letrinhas, 2002) e co-autora, com Sérgio Roizenblit, dos documentários Movimento Expressivo - Klauss Vianna; Maria Duschenes – O espaço do movimento e Renée Gumiel – A Vida na Pele. É formada em filosofia (PUC/SP) e doutoranda em Artes (UNICAMP).

Neto Machado e Stéphany Mattanó (Curitiba/Paraná)
Graduados no curso de artes cênicas da Faculdade de Artes do Paraná. Em 2004, foram bolsistas da Casa Hoffmann - Centro de Estudos do Movimento, onde iniciaram pesquisa conjunta que desenvolvem até hoje. Fazem parte dessa pesquisa os trabalhos: Quero saber do Q. Estou falando!, Metáforas (titulo provisório) e Solução para Todos os Problemas do Mundo. Integram o coletivo Couve-Flor Minicomunidade Artística Mundial, que em 2006 desenvolveu o projeto Couve–Flor Tronco e Membros, contemplado com o Prêmio Klauss Vianna de Fomento à Dança (Funarte-Petrobras).

Rui Moreira (Belo Horizonte/MG)
Bailarino, coreógrafo, técnico em iluminação cênica e produtor de espetáculos. Foi bailarino do Grupo Corpo Cia. de Dança, do Grupo Primeiro Ato, do Balé da Cidade de São Paulo e do Cisne Negro. Co-fundador e coreógrafo residente da Cia. SeráQuê? Presidente da ONG SeráQuê?Cultural e co-diretor da produtora Rui & Bete Promoções e Eventos Ltda.

Thembi Rosa (Belo Horizonte/MG)
Bailarina, coreógrafa e pesquisadora. Graduou-se em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais. Realiza trabalhos solo e em parceria com outros criadores desde 2000, dentre eles, Regra de dois (2006); Ajuntamento (2003; 2004); 10x1 – Daqui para onde vamos? (2002); Propriocepção (2000).

* Múltipla Dança - Ficha Técnica

MÚLTIPLA DANÇA
FICHA TÉCNICA

Coordenação geral: Marta Cesar
Curadoria: Jussara Xavier e Marta Cesar
Produção: Jussara Xavier, Luiz Moukarzel, Marta Cesar
Projeto gráfico e assessoria de imprensa: Paula Albuquerque
Ilustração: Fábio Dudas
Apoio Aliança Francesa: Adriana Bohnenberger, Cátia Bernardo, Marcos Maurício Marafon, Maria Carolina Iaczinski, Marina de Melo Barreto
Apoio SESC-SC: Cristina Gadotti, Denise Bendiner, Michel Marques, Valdemir Klamt e Maria Teresa Picolli
Agradecimentos: Frédéric Besnard, Luiz Henrique Tancredo, Leonel Brum, Luciane Pinheiro Pedro e Sr. Luciano Andreani.é