quarta-feira, 11 de julho de 2007

* Musique: Bïa - Coeur Vagabond


“Não é cantora, é encantora”, disse certa vez Chico Buarque sobre Bïa, quando os dois paticipavam de um programa da Radio Latina, em Paris. Se ainda são poucos os que conhecem o encanto e o talento de Bïa Krieger no Brasil, seu país de origem, na Europa e Canadá ela vem conquistando reconhecimento e visibilidade cada vez maiores. Dona de uma voz afinadíssima e plena de emoção, a catarinense Bïa faz parte do grupo de artistas que optou por desenvolver sua carreira artística fora do Brasil. Divulgado na França e Canadá, onde tem um público cativo, seu último trabalho, Coeur Vagabond/Coração Vagundo (Sony BMG, 2006) poderá ser visto pelos brasileiros pela primeira vez este ano, em shows que a cantora e compositora realiza em seu país.
O disco marca uma fase de maturidade artística de Bïa, que coleciona elogios e lota os concertos nas salas de espetáculo parisienses. Produzido por Robson Galdino (carioca radicado na França e co-realizador de Carmin, penúltimo álbum da cantora, lançado em 2003), Coeur Vagabond reúne sete canções francesas traduzidas para o português e sete canções brasileiras adaptadas para o francês, além de uma música original composta pela própria cantora, “Bilingue”, que mistura as duas línguas. O CD é prova da profunda ligação entre as suas duas culturas. “A proposta é fazer uma ponte entre duas culturas que são muito importantes para mim. Eu queria levar para as pessoas que só falam francês um pouco da poesia brasileira e para os brasileiros um pouco da poesia francesa’’, conta a vencedora do prêmio Félix 2006 (Coeur Vagabond – melhor álbum de world music).
Do cancioneiro brasileiro, foram feitas versões de músicas como “Lavadeira do Rio” (“À la Fontaine”), de Lenine e Bráulio Tavares, “Coração Vagabundo” (“Coeur Vagabond”), de Caetano Veloso, “Retrato em Branco e Preto” (“Portrait en Noir & Blanc”), de Tom Jobim, e “Meu Bem-Querer” (“Amour Secret”), de Djavan. Já da música popular francesa, o público poderá escutar adaptações de “L'Eau à la Bouche” (“Água na Boca”), de Serge Gainsbourg, cultuado compositor francês e conhecido mundialmente pelo hit “Je T'Aime Moi Non Plus”, “J'ai Tant Revê” (“Como Eu Sonhei”), da dupla Michel Modo e Henri Salvador, e “La Mauvaise Réputation” (“A Má Reputação”), de George Brassens, além de outras.
Bïa transita por diferentes culturas desde os três anos de idade, quando os pais foram exilados no Chile e Peru, nos anos da ditadura militar brasileira. Depois viveu em Portugal, França e Canadá – por vários anos a bordo de um veleiro, com o qual cruzou os mares do Brasil, África e Europa Mediterrânea. Em 1995 decidiu se sedentarizar e se dedicar exclusivamente à música profissional. O resultado dessas inúmeras vivências pessoais-poéticas-musicais pode ser conferido nos dias 14 e 15 de junho, no Teatro Álvaro de Carvalho, em Florianópolis, onde Bïa sera recebida após saudosos anos de espera.

*Paula Albuquerque - jornalista
[publicado no Jornal La Baguette - Aliança Francesa Florianópolis - edição no. 18 - junho 2007]

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